11ª edição: Caridade segundo santo Tomás de Aquino

CARIDADE SEGUNDO SANTO TOMÁS DE AQUINO

 

  • Santo Tomás de Aquino

Santo Tomás de Aquino é um dos maiores expoentes da teologia católica e o principal nome do período da filosofia escolástica, sendo reverenciado no campo religioso e filosófico até os dias de hoje. Nascido em 1225, teve uma vida inteira dedicada ao esforço em responder os mistérios de Deus para Si e para a Igreja, além de combater e converter os gentios. Discípulo de Sto. Alberto Magno, Tomás de Aquino ingressou na ordem dos pregadores (Ordem Dominicana), onde se tornou pregador, professor e consultor. Lá, o ”Doutor Angélico” produziu suas principais obras, como a Suma Teológica e a Suma Contra os Gentios. 

 

  • Sobre o conceito de Caridade

A caridade pode tomar diversos significados, dentre eles o de virtude que Deus infunde, ou seja, coloca na alma do homem para que este em primeiro lugar ame a Deus sobre todas as coisas, e depois ame aos outros e a si mesmo também por amor igual a Deus. O amor que o homem pode vir a ter em sua vida vem de Deus, pois Deus é Amor (I Jo 4, 16), amor que se mostra perfeitamente na relação trinitária, e só Ele pode infundir o amor no homem. Por isso, a fonte de qualquer caridade se não encontrada em Deus, é falsa  fonte e consequentemente falsa caridade. Entendemos também por caridade o amor de Deus pelo homem e do homem por seu próximo, independente de quem seja. 

 

  • O objeto da Caridade 

Poderíamos dizer que o objeto da nossa caridade é somente Deus ou se estende também ao nosso próximo? Pode-nos parecer que não podemos amar o próximo com caridade, pois o amor caritativo se traduz em amor total, e se amamos com amor total outro humano como nós, e nele colocamos nosso fim último, nossa vida resultará, em frustração, já que nem sempre conseguimos proceder reta e perfeitamente em nossas ações. 

Mas ao contrário podemos sim amar o próximo com caridade, desde que a direção da essência do amor seja Deus e não para o próximo. Por exemplo, há dois casos: os que vão ao estádio para assistir a uma partida de esporte, e outros que assistem pela televisão. De modo igual, ambos querem como finalidade assistir à partida, um diretamente e outro pela televisão. A finalidade do segundo não é o aparelho televisivo, mas o que este pode lhe mostrar. Da mesma maneira, em alguns momentos amamos a Deus diretamente e chamamos caridade, em outros podemos amá-lo no próximo e a isso também chamamos caridade, tendo em vista a afirmação: o ato que busca o objeto (Deus) em sua essência formal é o mesmo que o busca sob algum aspecto (neste caso, o próximo). 

 

  • Se amamos também os animais com caridade

Parece que algumas pessoas entendem – e hoje isso é bastante comum – que as criaturas irracionais devem também ser amadas com caridade, assim como os homens. Tal interpretação se justificaria se pensássemos que estas criaturas foram feitas por Deus, e como Deus as ama, assim nós também deveríamos amá-las, pois a fé que nos leva a crer em Deus igualmente nos leva a acreditar que Ele criou o mundo e que o que nele vive. Porém, a caridade não cabe para os seres irracionais. Sto. Tomás também nos apresenta a caridade como uma amizade, e isso implica dentre algumas características, uma partilha de vida. As criaturas irracionais não podem partilhar da vida humana que é racional senão de um modo material, onde não há verdadeiro amor. Mas além de toda objeção, podemos amar as irracionais criaturas enquanto queremos que estas se preservem e com sua existência deem glória ao Deus, e sirvam para utilidade do homem. 

 

  • Meios práticos de caridade

”Atualmente permanecem estas três: a Fé, a Esperança, o Amor. Mas a maior delas é o Amor” (1 Cor 13,13), donde concluímos que a maior das práticas que o ser humano pode adotar é a caridade, o amor. Primeiramente de modo interno, enquanto se entende a reverência devida a Deus, onde lucramos paz e misericórdia. Depois de modo externo, destacando-se: a beneficência, quando fazemos pequenas práticas de bondade que são reflexo do amor interno; a esmola, quando damos algo nosso a alguém que necessita; e por fim a correção, quando exortamos a alguém, pois queremos o bem desta pessoa. Desse modo a caridade interna se traduz de modo externo pelo mundo. 

 

  • Exortação à prática da caridade

A caridade, enfim, vale mais que qualquer outra virtude, pois é a que mais nos une a Deus e desse modo entendida como base de todas as virtudes. Entende-se também que caridade não cresce pela quantidade de atos que fazemos, mas pela intensidade com que estes são feitos, de modo que nos aproxima cada vez mais de Deus. Por isso a caridade deve ser praticada, pois nos leva diretamente para o criador e nos faz conviver melhor com nosso próximo. 

 

REFERÊNCIAS

  • Santo Tomás de Aquino, blog Canção Nova. 
  • Suma Teológica, vol 3 (Ila Ilae). Editora Ecclesiae
  • Ser ou Não Ser Santo, eis a questão. Pe. Antonio Royo Marín, OP. Editora Ecclesiae

 

FICHA DO ESCRITOR 

Aluno: João Gabriel Nascimento do Carmo

Turma: 3101

Idade: 17 anos

 

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